domingo, 16 de fevereiro de 2014

Lançamento do Navio Anápolis

Comandante Veiga Mattos discursando na
 cerimônia de entrega do N/T Anápolis.
É sempre uma honra para um comandante, a incumbência de ser o primeiro a comandar um navio, recebendo-o ao término da construção. E foi o que aconteceu de novo com o Comandante Veiga Mattos, quando a Fronape o indicou para o comando no N/T Anápolis, construído pelo estaleiro Verolme, em Angra dos Reis, no ano de 1976.

O navio Anápolis foi um dos últimos da série de navios construídos pela Verolme para a Petrobras, entre os anos de 1972 a 1976, sendo eles os navios Alagoas, Amazonas, Amapá, Atalaia, Aracaju, Avaré, Anápolis e Araxá.

O Anápolis era um típico navio de cabotagem, para transporte ao longo da costa brasileira, além de Venezuela e Caribe. Seu nome foi dado em homenagem à cidade de Anápolis, em Goiás.

Este foi um navio do qual meu pai gostou muito, permanecendo alguns anos no comando. As fotos desta postagem são da cerimônia de entrega do navio, em 1976. Nesta ocasião, meu pai tinha 54 anos. A propósito, eu estava presente, com 13 anos, e tudo indica que fui eu o autor dessas fotos "extra-oficiais". Observem que são aquelas fotografias pequenas e quadradas, das máquinas Kodak de amadores...

A foto abaixo mostra a tripulação do navio no convés, posando para a fotografia. Desejo muito que a foto possa ser vista por alguns dos tripulantes, que infelizmente, não tenho o registro dos nomes. Meu pai é o primeiro da direita para a esquerda.

Tripulação do N/T Anápolis no convés

Na próxima foto, a população perfilada no convés.

Tripulação perfilada na cerimônia de entrega do navio

Em seguida, o navio atracado e embandeirado. Uma preparação tradicional para as cerimônias.

N/T Anápolis embandeirado para a cerimônia

E a última foto é uma curiosidade. Pelo fato de o navio ter sido batizado em homenagem à cidade de Anápolis, a cerimônia contou com a presença do prefeito Jamel Cecílio, daquela cidade. Ele aparece ao centro, entre pessoas das quais não tenho registro. Suponho que ao lado seja a sua esposa. O empresário Jamel Cecílio, morreu prematuramente alguns poucos anos depois, em 1980, e seu nome foi dado a uma  das principais ruas de Goiânia.

Prefeito da cidade de Anápolis, Jamel Cecílio, ao centro, no convés do navio

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Trabalho marítimo e família

Um dos desafios dos marítimos é conciliar trabalho e família. Ainda mais no passado, quando a comunicação era muito mais difícil.

Umas das alternativas, quando possível, era embarcar a família no navio, em grandes ou pequenos percursos. E fazer a família curtir essa "integração".

A foto inicial é da minha mãe, com a mão no leme, curtindo pilotar um navio petroleiro, no final da década de 50 ou início de 60. Não identifiquei nenhuma pista para saber qual era esse navio.






Alguns anos depois, na década de 70, lá estava eu, repetindo a pose e curtindo também a aventura marítima, pilotando o navio tanque Presidente Washington Luís. Reparem que a característica do passadiço é a mesma nas duas fotos.
Infelizmente essas fotos não possuem anotações de datas e locais, mas suponho que tenha sido alguma viagem a Santos. Por causa das aulas, tínhamos que aproveitar viagens curtas que ocorressem no período de férias.


Muito antes dessas fotos, outra que destaca este aspecto de integração trabalho-família é esta do casal Eduardo e Lélia no Navio Petrobras Sul, na década de 50, provavelmente em Porto Alegre.

O local da foto deve ter sido escolhido estrategicamente para registrar o nome do navio.

E para terminar a sequência de fotos desta postagem sobre a vida dos marítimos, saibam que a bordo também tinha bloco de carnaval. Na foto abaixo, eu e os filhos do Orlando Leal, Chefe de Máquinas do navio , no meio do bloco formado pela tripulação, em alto mar. No meio deste bloco, do lado esquerdo, uniformizado, a figura querida do "doutor", como era chamado o enfermeiro de bordo João Gonçalves. Também sem data exata, mas por volta do início dos anos 70.

Fica registrado aqui o meu carinho e agradecimento a todas essas tripulações que me receberam tão bem nos meus embarques.







segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Nossa Senhora dos Navegantes

Imagem da Igreja de N.S.Navegantes,
 em Porto Alegre (RS)
No dia 2 de fevereiro é celebrado o dia de Nossa Senhora dos Navegantes. E este ano foi neste domingo. Meu pai tinha um quadro com essa imagem que lhe acompanhava sempre e que até agora está na casa da minha mãe. Foi durante a missa de hoje que eu me lembrei dessa devoção e tive a ideia de escrever sobre isso neste blog.

A designação Nossa Senhora dos Navegantes, originou-se no século XV, com a navegação dos europeus, especialmente dos portugueses. Aqueles que viajavam, pediam proteção à Nossa Senhora, para retornarem salvos à pátria. O simbolismo da mulher corajosa e orientadora dos viajantes, fez com que Maria fosse vista como uma eterna vencedora dos inimigos das tempestades. 

Essa devoção chegou ao Brasil com a colonização, através dos navegantes portugueses e espanhóis. É na cidade de Porto Alegre, que essa devoção alcança a sua maior expressão no Brasil, com a famosa procissão de Navegantes, realizada no dia 2 de fevereiro.

Coincidência ou não, foi na cidade de Porto Alegre, que um dia já foi chamada de Porto dos Casais, que o navegante Eduardo Veiga de Mattos encontrou a sua esposa, com quem casou em 1956. E assim, me perdoem o trocadilho, foi em Porto Alegre, sob a proteção de Nossa Senhora dos Navegantes, que meu pai encontrou o seu porto seguro.

Portanto, em homenagem a todos os navegantes e à sua fé, reproduzo aqui a Oração a Nossa Senhora dos Navegantes.

Ó Nossa Senhora dos Navegantes, Mãe de Deus, criador do céu, da terra, dos rios, lagos e mares, protegei-me em todas as minhas viagens. Que ventos, tempestades, borrascas, raios e ressacas não perturbem a minha embarcação e que monstro nenhum, nem incidentes imprevistos causem alteração e atraso à minha viagem nem me desviem da rota traçada. Virgem Maria, Senhora dos Navegantes, minha vida é travessia de um mar furioso. As tentações, os fracassos e as desilusões são ondas impetuosas que ameaçam afundar minha frágil embarcação no abismo do desânimo e do desespero. Nossa Senhora dos Navegantes, nas horas de perigo eu penso em vós e o medo desaparece, o ânimo e a disposição de lutar e de vencer tornam a me fortalecer. Com a vossa proteção e a benção de vosso Filho, a embarcação da minha vida há de ancorar segura e tranquila no porto da eternidade. Nossa Senhora dos Navegantes, rogai por nós. Amém.
Para quem quiser conhecer um pouco mais sobre a devoção a Nossa Senhora dos Navegantes, em Porto Alegre, encontrei um pequeno documentário em curta metragem (9 minutos) que ilustra bem esta história.